quarta-feira, 18 de outubro de 2006

No bambo da corda ou no girar do carrossel?

Ando de equilíbrio em equilíbrio. Tem horas que o vento balança tanto, mais tanto, que fico de ponta cabeça, e o mundo é que parece estar de cabeça pra baixo. Se não despenco, algumas vezes, não é porque sei caminhar em corda bamba, mas por estar enrolada a ela - meus pés e ela, parceiros de um nó cego só.

Se não me nauseio, às vezes, é porque penso que estou por cima e o mundo foi quem deu a volta. Ou não, ou será que não? Será que não há corda bamba, nem temporal, nem nada de ponta cabeça, só um pensamento medonho? A certeza materializa a miragem? A dúvida ergue ruína com tijolos de castelo? Alado é o meu rocín ou não há cavalo algum, nem paragem por onde correr, nem sequer a liberdade do girar de um carrossel?

Outras vezes é tudo tão claro, tão firmemente claro, transparente. Vidro que não embaça... A palma destra sobre o corrimão. Meus olhos alcançam o caminho de casa. Tanta certeza... que sei eu? Será isso ter os pés demais no chão ou um alçar de vôo com um grande par asas?

Ter os pés no chão é bom. Ter as asas curtas, o fim do caminho. Conciliar os dois é que é difícil (talvez impossível. Talvez sábio. Depende). Rocín se cria no solo, se cria? Rocín mais parece bicho de sonho. Se gigante, Rocinante... cavalo de carrossel sem motor ou engrenagem.

O carrossel vai girando, girando... ou será a corda que balança, balança... ?

5 comentários:

Anônimo disse...

Nem carrossel (preso em circulos ) nem corda (estreito limite e determinado caminho em linha reta), mas um corcel livre, alado talvez. É arisco, mas não de todo selvagem. Para onde irás levá-lo?

Me disse...

Pro centro... pro centro de tudo. Lá onde nada pende... nem para um lado, nem pra outro. Lá, de onde tudo sai e pra onde tudo converge. Pro centro, se for capaz de conduzi-lo. Arisco talvez não seja o corcel nem o jinete. As mãos é que são trêmulas (de medo, de ânsia) e o conduzem para as bordas. Mas é o centro aonde quero chegar. Daqui, te vejo: duas mãos firmes que me chamam.

Anônimo disse...

Where is the fairy I seek
at break of day?
When night falls
I still have not found her.
My burning heart
shows me her traces;
I see her steps
wherever flowers bloom.

;*

Anônimo disse...

No bambo da corda meu amore!A beleza está no bambo da corda. Passamos a vida inteira procurando certezas(e é bom que assim seja!), mas todo nosso prazer reside na busca dessas certezas. Mas não pense no bambo da corda como queda! Afinal a gente só cai no final.
Amore

Anônimo disse...

;*