quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Esperança (aquela coisa que vai).

Hoje fui comer morangos, mas o que ontem era um pequenino fungo já tomava conta de todos. É incrível como uma coisa ruim pode rapidamente contaminar um monte de coisa boa. Fiquei sem morangos e com uma sensação de fungo dentro de mim; um fungo que se alastra através de uma semente que não plantei (queria só plantar sementes de morango), mas que chegou perto, bem perto, se enramou e se espalha sem que atinasse assim, de pronto. É difícil não conservá-la. Tão difícil não conservá-la. Coisas ruins não pedem tanto cuidado para seguirem vivas e se fortalecem por meio das nossas maiores fraquezas.

(Acho que sementes de morango não vingam no deserto).


A sensação que tenho é de haver plantado algumas das mais valiosas sementes de morango em pleno asfalto. Era a esperança que se alastrava em mim... iam-se as sementes, perecentes de vida (aquela coisa mói), e meio que só merecentes de fungos (aquela coisa que rói).


Esperarei nunca me esquecer de que é sempre tempo, por mais tenaz que seja o campo de fungo em que ouse lançar as minhas sementes de morango. Esperança (aquela coisa que vai, mas que volta)...


Strawberry fields forever

10 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo exemplo de como partir do particular ao universal, das coisas concretas às significações abstratas.

Um momento muito alto (porque simples, gracioso e significativo):

"Fiquei sem morangos e com uma sensação de fungo dentro de mim".


Um momento não tão alto (porque cede, sem maiores consequências,ao puro jogo verbal e sonoro):

"iam-se as sementes, perecentes de vida (aquela coisa mói), e meio que só merecentes de fungos (aquela coisa que rói)."

Me disse...

Será, b? A palavra "mói" sempre foi sinônimo de movimento, de vida. Quando a gente andava de bicicleta e se cansava, os incentivos dos outros era "mói, mói!". Moer era não se deixar cair da bicicleta pelo cansaço, era permanecer na ciranda, ainda que arfante, coração engatilhado.

Sempre era incentivada. Era a menor e a mais franzina. Espero não parar de moer, ainda que arfante, coração engatilhado...

Mas que sou vidrada em som, ah, eu sou. Pena que as minhas cordas vocais sejam manejadas por uma mão que não sabe segurar o arco!

Cláudia Campelo disse...

Não sabia que gostavas dos Beatles, Bachmann. Surpresa...
Ainda bem que existem morangos, Beatles, e surpresas, não necessariamente nessa ordem.
Bom te ler, um abraço.

Anônimo disse...

;*

Me disse...

Ah, eu gosto, sim!
Beijo! Bom te ver!

Anônimo disse...

"Hope is the thing with feathers
That perches in the soul,
And sings the tune without the words,
And never stops at all,

And sweetest in the gale is heard;
And sore must be the storm
That could abash the little bird
That kept so many warm.

I've heard it in the chilliest land
And on the strangest sea;
Yet, never, in extremity,
It asked a crumb of me."

-- Emily Dickinson

Anônimo disse...

That's a great story. Waiting for more. » »

Anônimo disse...

This is very interesting site... Free llc bookkeeping software nissan philippines homeowners insurance North east moving companies local free bingo game Cellulitis girls band The dealer of craps top rated software downloads omega watches

Anônimo disse...

O fungo real pode ser o ovo da serpente imaginária?

Me disse...

Acho que o ovo da serpente imaginária pode vir a ser o fungo real.