sábado, 15 de julho de 2006

Medo adentro...

Entregar-se à vida, a todas às suas cores com todos os seus matizes. Mergulhar de cabeça. Entregar-se à vida como às vezes nos entregamos ao medo de nos entregarmos à vida. Tenho mergulhado de cabeça – minha vida, outrora poço, é oceano. E não vi males neste mar em que, imensa, imersa, eu, marinho. Só o medo, só o medo, que me quase curte a pele, como se, todo ele, feito de cem pedrinhas afiladas. Só um medo, um medinho subjetivo, monstro do mar, sentimento mal-querido; medo de, lá no mar, no seu adentro, adentrar-me em uma pedra que me cerceie, me cerceie, me cerceie o movimento. Pra não me, pra não me deixar vencer, por este medo, este medo subjetivo, tento não, tento não me esquecer, de que este medo, este medo de viver, não é pedra, não é rocha, é quase nada; conchas de ar, conchas ar, em pequenas, bem pequenas frágeis bolhas engendradas...

8 comentários:

Anônimo disse...

Ei? Sem medo! Tudo, menos medo!
Mergulhe ainda mais, busque profundezas desconhecidas, toque-as e te saberás, definitivamente, fada. Fada madrinha. Só que aí, de si mesmo!

Me disse...

Lindas palavras, sábias palavras! A vida pode até merecer o nosso medo, mas não a nossa covardia. Me tenho lançado às profundezas; só temo que o mar seque, mas é um temor mais do temor que da razão... é que prefiro morrer afogada a morrer sem ar, e o mar hoje é a minha superfície...

Anônimo disse...

e o será, sempre!
te quero feliz! sem medos e agonias!
Suspira!
O mar nunca é superfície!

carinho intenso, verdadeiro e profundo!
( acredita?)

Anônimo disse...

e sabes?
Preferir morrer disso ou daquilo é pura tolice! Não podemos escolher como morreremos.
Mas- que coisa mais maravilhosa, mais surpreendemente linda!- podemos escolher entre a Vida que desejamos viver e a que não viveremos porque tememos exatamente o que não podemos!
;)

Sem conchas, sem bolhas, sem pedras: menina linda, tens a Vida!
Suspira.
Sorria!

Anônimo disse...

As Mortes( Tanussi Cardoso)


quando o primeiro amor morreu
eu disse: morri

quando meu pai se foi
coração descontrolado
eu disse: morri

depois, a avó do Norte
os amigos da sorte
os primos perdidos
o pequinês, o siamês
morri, morri

estou vivo
a poesia pulsa
a natureza explode
o amor me beija na boca
um Deus insiste que sim

sei não
acho que só vou
morrer
depois de mim

;)

Me disse...

Se acredito!
Choro quase todo dia. De alegria, de agonia, do que for. Choro por uma flor que cheira, um cão que grita agoniado, um amigo que vai embora, uma frase bonita... chorar é um meio de me saber que sinto, porque sempre choro por alguma coisa. Hoje senti muita coisa boa, mas o dia passou sem ser chorado. No entanto, o dia ainda não terminou, e eis que agora, 23 e poucas, meu olhos, aqui, marejados...
Um abraço enorme!

Anônimo disse...

Medo adentro. Mar adentro.

O medo somos nós a sós contra nós mesmos.

No mar, estamos sós: a sós, o encontro com nós mesmos.

Anônimo disse...

Very nice site! »