segunda-feira, 8 de maio de 2006

Velha postagem (velhos tempos? velhos dias?)...

Relendo na memória, e em dias de chuva e sem muito assunto, por que não de novo? Este texto sou eu... não quero que nada mude tanto ao ponto de que isso mude, que isso me mude, um isso que está por vir e que nem sei. Mude o mundo, que corre por aí qual mudança de pobre, como se nada. Muda o mundo, que corre por aí qual mutança de pobre, como se nada, como sem onde, e eis que de repente tudo cai, tudo se esvai no chacoalhar dos dias, ao nada; dos dias, aqueles de sorvete e sombra de praça... os mesmo dias que destroem células, que destroem sonhos, e sons, e sonos. Quero sempre ter pequena suja ao telefone chorando, quero sempre, em dias de chuva, achar bom e escrever como se contasse os pingos descendo pela janela que nem tenho. Quero sempre nuno desanuviando o pensamento. Quero sempre jana do outro lado, que não é, senão, este lado aqui. Quero sempre thi, e a ti, amigo. Quero sempre sempre sempre ser-me sim, assim, queen mab - às vezes não passo de uma theresa que chora e fica triste.
Esperançosa por que isso dure, nem que a vida me leve de vez (mas que a voz soe, ressoe, ecoe, vibre, mas sem destruir; vibre forte, alta, grave, mas inteiriçando, inteiriçando, inteiriçando os cristais...)...


Só sei que não sei de um monte de coisa...

Não sei remar, solfejar, cozinhar, conjugar o verbo adequar, me esquecer do passado, nem perdoar facilmente pelo chocolate roubado. Não sei punir, intervir, imergir, boiar, mergulhar, manejar o compasso. Não sei a tabela periódica, nem as frases, nem nunca soube de fato. De ano? Passei! Como? Boa pergunta... isso é algo que também não sei.

Não sei dizer adeus, sem me doer por dentro. Não sei abandonar direito, nem abrigar direito. Não sei Direito, nem medicina, nem artes. Não sei de morte, nem de Marte, nem de Merlin, nem de lobby, nem de Moby, nem de reggae, nem ao menos sei de rock. Não sei escrever com a mão esquerda; tocar violão com a direita, nem com a esquerda. Não sei tocar violão, nem violino, nem cuíca, nem reco-reco. Nem sei direito o que é um reco-reco. Não sei a diferença entre pato, ganso e marreco. Não sei por onde anda o eco, nem o Eco.

Não sei desenhar, pintar sem borrar, escarrar sem me engasgar com o catarro. Corto tronxo, penduro tronxo. Escrevo tronxo que nem sempre entendo o que quis dizer. Nem sempre sei o que dizer. Nem sempre sei o que quero dizer. Nem sempre sei o que quero... mas só nem sempre! Não sei paquerar. Não sei encarar sem rir, nem rir sem chorar; mas sei chorar sem rir e isso é chato... não sei o melhor remédio pra queimadura, nem pra queimação, nem pra assadura, nem pra indigestão. Confundo melhoral com gardenal com flogoral com sonrisal...

Não sei dar conselhos, nem levantar astral. Passo mal ao ver papel molhado. Canto mal. Conto mal. Desconto às vezes. Conto mentiras. Me esqueço delas. Me lasco com isso... Guardo segredo. Enjôo por nada. Não sei o gosto do acarajé, mas sei que não gosto. Tenho certezas sem provas. Tenho provas de certezas duvidosas. Tenho incertezas. Não sei botar batom sem espelho, nem com espelho. Não sei dormir de luz acesa. Não sei andar de bicicleta sem a mão no guidão, mas já soube, mas faz tempo que já soube... não sei tomar injeção sem virar a cara. Não sei tomar café sem antes escovar os dentes, nem escovar os dentes sem lavar o rosto, nem lavar o rosto sem passar sabão, nem passar sabão sem que bata nos olhos, nem ficar puta quando isso acontece. E isso sempre acontece, mas eu não me acostumo.

Varro mal. Passo mal. Lavo mal. Forro mal a cama. Meu macarrão gruda, meu arroz gruda. Transformo filé em chã de dentro em questão de poucos segundos e com uma constância que me desencoraja a comer o que faço. Ando por atalhos. Demoro mais, porque me perco com freqüência, mas me acho sempre, pra me perder de novo...

Busco pelo prumo, mas não o tenho visto pela vizinhança... só acho que, pra encontrá-lo, não interfere saber o que é um reco-reco, nem fazer arroz desgrudado, ou ter a certeza de que o verbo adequar é o mais adequado a ser conjugado. Acho que encontrar o prumo não depende de saber desenhar um círculo com ou sem compasso, nem saber, pelo bico, se o bicho é ganso ou pato, nem se ganso é menos manso do que pato. Talvez um passo pra alcançar o prumo é saber o que não se sabe; ter as certezas do que não se tem conhecimento, e não dar tanta importância a isso assim...

Não sei bem o que sou, nem o que não sou, mas sei que não sei de um monte de coisa. Não sei se deveria dizer tudo isso, mas sei que tudo isso é verdade e se trata apenas de uma pequenina parte de tudo o que não sei; e que tudo o que não sei não me pesa tanto, para que me incomode de que saibam. Disso, eu tenho certeza!

2 comentários:

Anônimo disse...

O meu favorito; a minha favorita; a minha Queen Mab.

Me disse...

:) - as curvas ascententes aqui comigo agora.