quinta-feira, 23 de março de 2006

O pomo de adão...

Muitos dos medos da gente são movidos pela ignorância, mas aqueles de quando criança são os mais ingênuos. A gente pensa que todos os medos são reais, até que alguma coisa chega e plim!, clareia a mente da gente. O que era medo vira lembrança boa.

Quando era pequena, acordava sempre cedo, assistia ao globo ciências todas as vezes e sempre com muita atenção. (Um parêntese: a gente sempre está prestando atenção. Quando a gente olha pra algum lugar e não vê aquilo que acham que a gente deveria ver, a gente está prestando atenção, nem que seja prestando atenção no nosso pensamento que está longe daquilo em que acham que era pra estar concentrada a nossa atenção. Atentou?). Eu prestava muita atenção no globo ciências, especificamente no apresentador, mas não propriamente no que ele dizia, mas na maneira de como aquilo que ele dizia saía de dentro dele.

Ele tinha um pescoço longilíneo e um pomo de adão que percorria aqueles bons centímetros de um canto a outro a cada sílaba pronunciada, a cada suspiro, a cada gole de saliva. Ele podia falar da ciência que fosse, mas eu sempre estava cá com a minha matemática: ficava imaginando que o pomo de adão do apresentador do globo ciências devia ter percorrido mais quilômetros que as suas pernas.

Um dos grandes medos de infância era quando crescesse ter um pomo de adão daqueles passeando pelo meu pescoço. Sempre que me acordava, corria pro espelho e era um alívio ver que o meu pomo de adão ainda não havia crescido.

Não sei precisar o tempo em que deixei de correr pro espelho pra observar o pescoço. Deve ter sido no dia em que descobri que o cotoco da goela se chamava pomo de adão e que aquilo só vingava em homem. Ufa!

Quando eu era pequena, também tinha medo da solidão. Às vezes, ainda acho que sou do tamanho de nada...

11 comentários:

Anônimo disse...

Um sorriso:

"Um dos grandes medos de infância era quando crescesse ter um pomo de adão daqueles passeando pelo meu pescoço. Sempre que me acordava, corria pro espelho e era um alívio ver que o meu pomo de adão ainda não havia crescido."

E um pomo de adão, pequenino, que faz tremer imperceptivelmente o sorriso (curvas ascendentes desafiando, em grave tensão, a gravidade):

"Quando eu era pequena, também tinha medo da solidão. Às vezes, ainda acho que sou do tamanho de nada..."

Um sorriso e dois mundos: um sorrindo; o outro, mudo.

Anônimo disse...

Amore vc me fez lembrar que eu tinha medo do clip de Michael Jackson!! Quando eu via aquele bando de zumbis me escondia atrás da cortina. E também tinha medo da solidão (que persiste até hoje). A instabilidade das coisas deixa a solidão ser um fantasma presente. Hoje sei que não adianta me esconder...eu fujo sempre. Fujo me abrigando nos braços das pessoas que amo. Fujo p os teus braços, os braços de Victor, de Cacá, de Babi, da minha Mama...ainda bem que a vida resersa tantos braços :)

Te amo!!
Um cheiro

Alisson da Hora disse...

Eu tinha um medo terrível de buraco negro...culpa do Fantástico, não do Globo Ciência...e eu achava que se estudássemos muito a cabeça iria ficar maior do que o corpo...medos infantis...perfeitos como a mente de uma criança...a solidão, já é outra história...beijos, fofa...

Anônimo disse...

Oooh, fofura! Vc escreve tão bonito, Theresa. E eu adoro teu nome, "Theresa".
Eu não tinha medo do pomo de adão, aliás, eu mal notava que ele existia e mais ainda, se eu soubesse que era de masculino eu ia achar era massa. Na minha infância eu queria ser menino, porque sempre achei que os meninos se divertiam muito mais.
Hoje gosto de ser menina. Mas demorei, visse? Acho que eu tinha mais medo era da sangueira mensal que nos faz essas tão misteriosas e intensas. Agora, melhorou. Até a sangueira eu compreendo, metafisicamente, eu digo. Poruqe biologicamente é até fácil, mas metafisicamente, afe, a vida não faz o menor sentido, quase sempre, né não?
E às vezes, faz.
Um beijo, menina!

Natalia disse...

Todo mundo é do tamanho do mundo. Isso é apenas uma questão de referencial. Hehehehe

Alisson da Hora disse...

Ei...atualiza...atualiza... =D

Anônimo disse...

Porque alguma vez me dissste que o adoravas e agi como se não houvesse escutado;

Porque é o que te estou sempre a oferecer, e tu, a aceitar.

Porque hoje não é hoje nem tampouco sábado: hoje, Queen Mab, é domingo.

Me disse...

:)

Anônimo disse...

;*

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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