Quando Rocinante morreu, uma nuvem de lágrimas nascera nos olhos de Jana. Uma nuvem de lágrimas espessas e de uma angústia fina, daquelas que surgem sem data prevista para perecer.
Rocinante morreu e levou consigo uma parte de Jana, a parte mais linda de Jana: o brilho nos olhos que o sorriso de Jana, que também sumiu, delicadamente e por todo aquele tempo sustentara. Ladrões, esses mortos, que ao partir sempre nos deixam menores do que somos... Rocinante morreu saudável, robusto, e mortes trágicas aguçam ainda mais as nossas dores, tornando-as gigantescas, aparentemente indeléveis.
Rocinante é morto, mas Jana está viva; atordoada, mas viva. Caminhar sem Rocinante vai ser um sentir-se à própria sorte; à deriva, sem o mais longínquo vislumbrar do porto seguro; vai ser sentir-se menor do que qualquer coisinha bem, mas bem pequenina mesmo... vai ser difícil, quase insuportável; insuportável de um quase morrer, mas só até o dia
Rocinante é morto, Jana, mas era apenas, só e apenas, um rocín...
3 comentários:
Teca foi o presente mais bonito q recebi. Te amo amore! Eu tô viva e muito mais forte e menos atordoada do que ontem.
cheiro
jana
Lindo, Teresa! Sou Nilma, amiga de Jana de Salvador e tb fiquei emocionada com o texto. Com certeza, Jana vai superar essa morte. E que venham os corsários...
Rocinonte se foi. Mas deixou sua "Quixote" a cavalgar em suas lembranças numa imaginária Cádiz.
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