sábado, 13 de agosto de 2005

Da selva de pedras ao pequeno paraíso...

A rotina me tem tomado o tempo. É chato não poder adoecer, ter que ter sono antes da meia noite, ter que tomar café da manhã às sete, ter que almoçar a uma da tarde, ter que ver os amigos só nos fins de semana e se contentar com o virtual diariamente (quando dá...) para matar as saudades...

Queria ter a rotina de não ter rotina. Queria poder ver o sol se pôr sem que fosse domingo. Queria ter a liberdade para querer tudo na hora que quisesse e não na hora que devo querer. Mas melhor querer na hora que devo querer, para não ter pequenas frustrações, como neste dia em que tanto quis e pouco pude. Acho que por isso que queria viver de escrever, pra não ter lugar nem tempo precisos...

Gostaria de ver o pôr do sol sem a moldura das revistas; ver a limpidez das águas ao meio dia sem o intermédio de uma grande angular... gostaria de poder visitar os amigos de longe sem que fosse de férias, e os de perto, para compartilhar uma tarde de sexta-feira, sem que fosse feriado... gostaria de não me entristecer nos meses de agosto, por não ter feriado... mas eu contabilizo os feriados e fico radiante quando os dias que lhes faltam podem ser contatos com os dedos de uma só das mãos.

Quando tinha tempo, pensava que o pequeno paraíso era a terra batida, que faz, do nascer das árvores ao acaso, rotina, e não pequenas heroínas a romper asfalto... percebo, agora, que o pequeno paraíso é ter liberdade para decidir os quereres... mas, parece só haver liberdade ao se passar por aprisionamentos... hoje, me vejo mais livre que antes, por ter consciência de que antes era mais livre que agora...

Melhor parar por aqui. Você pode ser mais um sem tempo como eu, com hora pra dormir, pra acordar, pra almoçar e com dia certo pra ver o sol se pôr, rezando pra que não lhe tapem nuvens de chuva... mas, se vive em um pequeno paraíso, se não precisa dormir na hora que o sono deve vir, nem comer quando pouco se tem fome, sorria, chore e me convide no pensamento; mescle-se neste quadro sem moldura ou tela que bem é sua rotina; tape o sol com a mão numa tarde de terça, de quarta-feira, para o enxergar da bruma, ou simplesmente a sinta sem se aperceber...

Palavras faladas me saem contadas. Quando escrevo, no entanto, vou-me estendendo, e, como o blog tem página interminável, é como se sempre existisse um espaço para fazer viver mais uma palavra... mais uma palavra: gostaria, ia, ia... vai-se o eco da vontade dissolvendo os meus mais simples desejos... que Papai Noel os traga; para tanto, basta que não chegue num domingo...

11 comentários:

Anônimo disse...

O lado bom de ter uma rotina é poder saber-se capaz de sair dela (ou querer fazê-lo, como eu, agora), seja através de grandes aprisionamentos ou pequenas liberdades. Preserve seus mais simples desejos; eles serão sempre a tradução exata do que é você, ou do que não quer ser, a partir de um domingo,ou segunda, ou terça, a partir de um dia 12, ou 13, ou 14...
O futuro do pretérito pode fazer tanto mal quanto os verbos transitivos diretos. Assim sendo, evite-os (a próclise seria o correto - seria, ia, ia...).
Em espanhol, te quiero.

Anônimo disse...

pare dificuldades, sabe svencerás todas. sabes mente privilegiada. beijos e continuee atualizando blog, viu?

ricardo

Alisson da Hora disse...

pois é...minha rotina é assim também, corrida... texto ótimo Baby Bird...parei por aqui...

Anônimo disse...

A minha rotina é tanta que até a fuga dela se torna rotina... Também tem dia e hora marcada...
Quizera poder sair por aí, voando tal qual os pássaros (sempre quis ser pássaro)... Seguem o vento, que sopra onde quer. Vão ao encontro da luz, que é sempre bela. Possuem um canto que encanta, e os que não cantam, tem cor, encantam!
Mas até alguns pássaros vivem a rotina insessante da prisão.
E eu que tanto quis ser um, acho que me tornei um.
Um pássaro dessa espécie que vive em gaiolas...

Anônimo disse...

Será possível que Papai Noel, tão afeito às manhãs natalinas e proibido de chegar aos domingos, apareça de supetão num fim de tarde - fim de tarde, talvez, de uma quinta-feira? Também o bom velhinho poderia romper sua rotina e irromper, se não pela chaminé, por uma fresta debaixo da porta, sem saco vermelho ou embrulhos, sem renas velozes ou sinos, trazendo sua surpresa-ho,ho,ho, mensageiro das curvas inéditas de palavras inesperadas.

Me disse...

Será? será? E se ele errasse de endereço, se confundisse a presença de um na saudade do outro?
Será? Será? Depois me conta.

Anônimo disse...

Papai Noel semeando ovos de páscoa em plena primavera.

Que raras cores, que raro perfume possui o espanto em botão...

Anônimo disse...

Ho!Ho!Ho!

xx xx xxx

Estive ocupando uma concha desocupada... Que rotina se organiza quando se vive nela!

Anônimo disse...

Ho!Ho!Ho!

xx xx xxx

Estive ocupando uma concha desocupada... Que rotina se organiza quando se vive nela!

Anônimo disse...

Ho!Ho!Ho!

xx xx xxx

Estive ocupando uma concha desocupada... Que rotina se organiza quando se vive nela!

Me disse...

Sim, sim! Tem razão, melhor deixar como está!
:)